Ao invés de
tentar evitar qualquer tipo de ansiedade ou de escapar dela, assuma a sua
ansiedade e a enfrente.
Somos tentados a
evitar qualquer situação que possa nos levar a um estado de ansiedade. Seja
conversar com uma pessoa que não conhecemos, falar algo em público, evitar
aviões, elevadores, entre outros.
Contudo,
obedecer a essa regra não diminui a ansiedade, nem melhora a nossa
qualidade de vida. Ela nada mais fez do que torná-lo um prisioneiro
de si mesmo, lhe fazendo acreditar que é incapaz de enfrentar essas
situações.
É preciso mudar
esta forma de enxergar as situações causadoras de ansiedade. Deve-se deixar de
enxergá-las como uma ameaça, mas sim como uma oportunidade. Você deve
aprender a lidar com estas situações.
Lógico que não
é recomendado que você saia se expondo às situações que te causam ansiedade de
forma desenfreada e irracional. Não faça isso. A melhor
abordagem é aprender a lidar com elas de forma lenta e gradual.
Assim podemos
chegar a conclusão lógica de que é preciso uma perseverança tremenda para
testar os limites de sua zona de desconforto. Pode parecer simples, mas aprender
a fazer as coisas que te levam a crises de ansiedade é uma tarefa de extrema
dedicação e coragem. Há uma grandiosidade imensa em enfrentar seus medos.
E enfrentar, se
expor a sua zona de desconforto, é a forma de mostrar a si mesmo que você é
capaz de vencer a ansiedade. Ao final, após enfrentar gradualmente as situações
que te tornam ansioso, seu cérebro irá aprender a lidar cada vez melhor com
elas e ver que você é sim capaz de superá-las.
Se o seu medo,
por exemplo, é de falar em público, comece devagar. Comece trabalhando
mentalmente, imagine-se, o mais vividamente possível, falando diante de uma
plateia e sinta as reações que esta projeção provoca em seu corpo. Conforme
você for se sentindo mais confortável em sua projeção, vá aumentando a plateia,
gradualmente. Até chegar a uma multidão de pessoas, e você se comunicando com
elas sem grandes problemas.
Após a fase da
imaginação, passe para a prática. Comece conversando mais com seus familiares,
prestando atenção a sua forma de falar, nos assuntos e principalmente, nas
sensações que são manifestadas em você. Talvez você não sinta dificuldades em
conversar com seus familiares, daí avance mais um nível. Vá para seu trabalho e
ou escola/faculdade e se exponha a situações em que você possa ter de se
comunicar com um grupo que mesmo ainda pequeno, sejam pessoas “estranhas a você”.
Talvez essa situação já seja o suficiente para que seja desencadeada em ti uma
série de sintomas da ansiedade, contudo não foque nelas apenas as observe e
siga o planejado.
Você precisa
passar por estas situações “ameaçadoras” para poder se libertar das correntes
silenciosas da ansiedade.
Robert Leahy (2010)
bem disse em seu livro "Livre de Ansiedade":
“Estamos pedindo que você pare de fugir do desconforto e, em vez disso, ir atrás dele. em vez de esperar até que esteja “pronto” para algo, você buscará oportunidades para o confronto imediato. Em vez de escapar das situações desagradáveis tão rápido quanto possível, aprenderá a resolvê-las. Você receberá isso muito bem porque será uma chance para desafiar a crença em seu próprio desamparo, para se tornar mais forte. Uma vez iniciado o processo, perceberá que você está desenvolvendo uma nova relação com sua ansiedade. Você sempre pensou na ansiedade como uma inimiga. Agora ela vai se tornar uma boa amiga, acompanhando-o onde quer que você vá – como um animal de estimação que você leva para passear. Ela será sua professora, mostrará aquilo de que você é capaz, informando-lhe sobre o que funciona e sobre o que não funciona, dizendo-lhe quando você está progredindo.” - Grifos próprios
A prática
constante o levará a entender que a ansiedade não é uma ameaça real à sua vida.
Na verdade notará que ela é um fenômeno que passa, um fenômeno que não precisa
ser controlado ou temido. Conforme Leahy (2010), a ansiedade é semelhante a um
alarme falso que soa, contudo o alertando de algo sem necessidade de se
alertar.
E uma vez que você
internaliza isto, este alarme não mais o incomodará. Não haverá motivo para desligá-lo,
pois o alarme soará e se desligará sozinho. Ainda citando Leahy (2010) a nova
regra que você deve levar consigo é a de “parar de alimentar sua ansiedade”,
uma vez que, se parar de dar-lhe energia, logo ela ficará sem combustível.
Com isso você
não sentirá mais a necessidade de fugir das situações que lhe causam ansiedade,
uma vez que não há mais perigo. Você está seguro. Na verdade, você sempre
esteve seguro – somente não percebeu isso.
Em vez de fugir
de sua ansiedade, pode pensar nela como uma experiência que você realiza.
Quanto mais praticá-la, mais fácil ela fica. Você aprendeu que a ansiedade é
simplesmente outro ruído, outro som, outra maneira de sentir. Quando você consegue
fazer as coisas que o deixam ansioso, aprende que elas não são perigosas, que
não há catástrofe e que você não precisa mais controlá-la.
A única maneira
de aprender a nadar é entrar na água, se molhar. Ao assumir sua ansiedade, você
aprenderá a abandoná-la. Quanto mais você ficar em contato com o medo, menos
ele o assustará. Você aprende que o alarme se desliga por conta própria. Ele
não significa nada. Para todos os problemas de ansiedade, quanto mais você exercer
práticas que causem ansiedade, menos ansioso ficará.
Faça do
desconforto um amigo. Ele será uma ferramenta que lhe mostrará que está
progredindo.
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